quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Hoje rasguei os versos que ontem fiz para você;
Já nem sei se lembro palavra do que escrevi, nem sei se lembro algum traço em seu rosto tão marcante. Temo ao lembrar algo de ti, dar ao descuido uma chance pra te
olvidar; Pois nunca se esquece o que não lembramos. E a dor da perda seria carregar na alma um Karma eterno. Preencho um papel com letras de vento, silabas sem cor;
Como um ideograma invisível que deixaste em minha carne, baixo a pele, com sua ausência, seu vazio.
Intrépido, me arrasto e fios sintéticos do tapete gris se colam em meu dorso nu e doente:
Entre os dentes amparo outra folha em branco e
nela, agora imprimo o que resta de mim, enquanto percebo que as cores
voltam ao mundo, em ciclos regulares de tempo, preenchendo os espaços,
até o mango negro que jaz sobre meu ventre ser visível por um átimo.
Então num último repente de lucidez, noto que a folha brilha manchada pelo fluido que empapa a habitação e meu corpo estranhamente sem mim...
Sei que o único que deixei pra você, não mais será lido por ninguém, pois como o éter, as palavras e minha essência misturam-se, sobem e camuflam-se no ar, transparentes como minha insana paixao 
 
 
 

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